Greve de ônibus em Natal: entre mocinhos e vilões


Não há mocinhos nem vilões na relação entre o Seturn (sindicato patronal das empresas de ônibus) e o Sintro (sindicato dos trabalhadores) que resultou em uma greve de ônibus que já dura 48 horas. 

Há, apenas, uma vítima: a sociedade.

É bom deixar as coisas às claras: o Sintro foi irresponsável em incentivar a paralisação de 100% da frota, deveria ter cumprido o que manda a lei da greve. Não duvido que tenha sindicalista por aí mais exaltado danificando ônibus e ameaçando motoristas que não estejam envolvidos com o movimento grevista.

Outra: a opção de liberar as catracas ao invés de pararem poderia surtir um efeito menos danoso à população.  

O Seturn, por sua vez, não é nada inocente na história: explora o serviço público de ônibus ilegalmente. As permissões terminaram em junho de 2010: a licitação ainda não ocorreu, coisa que o sindicato luta para que seja protelado, como já o protelou por mais de 50 anos.

O Seturn centraliza todos os dados (custos e lucros) dos serviços de ônibus de Natal, não os disponibiliza publicamente. Nem para a prefeitura, muito menos para a sociedade. Ou seja, não há como saber se a tarifa cobrada na cidade (uma das maiores do Brasil) é justa ou abusiva. 

Os empresários são profissionais em descumprir a lei: em 2008, por exemplo, quando assinaram um TAC que os obrigava a renovar a frota em troca de reajuste na tarifa, não o fizeram. As tarifas foram reajustadas.

Em 2011, quando descumpriram a decisão do Tribunal do Trabalho sobre o vale alimentação dos motoristas e cobradores, peça chave do fim da paralisação daquele ano. 

Em 2012 quando suspenderam o serviço porta a porta, sem motivos e sem notificar os usuários. 

E detalhe para apimentar a história: O Seturn é o maior doador para campanhas eleitorais para prefeitura de Natal e para a Câmara Municipal.

Em meio a isso está um pedido de reajuste de 8%, e a implantação do vale alimentação unificado como foi acordado em 2011 pelo Sintro. Os empresários dizem que não tem dinheiro. Os trabalhadores paralisaram o serviço.

Para dramatizar mais tudo, o Ministério Público do Trabalho que deveria mediar, buscar intensamente o diálogo, inclusive em exigir que os empresários provem que o aumento prejudicaria o negócio deles, radicaliza também: pede a prisão do presidente do Sintro, Nastagnan Batista.

Como bem noticiado pelo blog do colega Jacson Damasceno, agora os motoristas pretendem radicalizar em troca. Sem ônibus na rua.

A situação, ou seja, piorou.

E adivinha vai ser ainda mais prejudicado?

Pois é leitor, somos nós, a sociedade.

3 comentários:

  1. Tem certeza que você é jornalista?

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    1. e vc é um sentador de sofá? imagino...nem vai a luta por melhores condições no serviço de transporte público.

      É por essas preguiças da população que acontecem aquelas falta de impunidade quando ocorre peculato em nosso Estado. Elite com 3 diplomas de faculdade e ainda nos dando aula de pilantragem na cara de pau em rede nacional e ninguém se mexe!

      É eles fazem por merecer aqueles carros de luxo com nosso dinheiro! População = INÉRCIA

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  2. "O Seturn centraliza todos os dados (custos e lucros) dos serviços de ônibus de Natal, não os disponibiliza publicamente. Nem para a prefeitura, muito menos para a sociedade. Ou seja, não há como saber se a tarifa cobrada na cidade (uma das maiores do Brasil) é justa ou abusiva."

    Mas e a Lei de Acesso à Informação não muda isso?

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