O lendário goleiro Marcos


Marcos nunca foi um jogador de futebol comum.

Não foi só o talento em defender a meta alviverde que fez com que ele se tornasse o maior ídolo da história do Palmeiras.

O arqueiro, camisa 12 chamado de santo, foi e sempre foi, antes de tudo, um torcedor. Era o representante dos 16 milhões de palmeirenses apaixonados dentro campo. E sempre agiu como tal.

Nas entrevistas que deu quando anunciou a aposentadoria, ele lembrou as falhas que teve e o fato de a torcida do Palmeiras – uma das mais chatas do Brasil – sempre poupá-lo de críticas.

Em um universo onde atletas jogam por dinheiro e sem amor à camisa, Marcos sempre representou o romantismo de ser um apaixonado pelo clube que defende. E nunca disfarçou isso.

Nas tantas entrevistas que deu, irritado, pela constante má fase da equipe, os torcedores viam expressas nas palavras dele as frustrações de jogos perdidos, de campeonatos medíocres que fizemos.

E ele nunca faltou ao trabalho, nunca deixou o time na mão.

Posso citar inúmeros grandes jogos de Marcos que tenho gravada na minha cabeça. Mas há um em específico que acho representativo daquilo que o arqueiro foi para o clube.

Palmeiras contra Cruzeiro, em 2008. Jogo importante para o time se manter na briga pelo título. Partida era realizada em Minas Gerais.

No primeiro tempo, Diego Souza marcou o que seria o gol da vitória. Início do segundo tempo, Palmeiras perde Lenny, expulso. E o Cruzeiro começa a pressionar.

A imagem ainda é bem clara na minha cabeça: o goleiro Marcos reúne a equipe depois da expulsão e fala: “vamos ganhar esse jogo”.

O Cruzeiro veio para a pressão.

E como um bom capitão que sempre foi, liderou a defesa alviverde, fez cumprir os versos do nosso hino: “defesa que ninguém passa”.

E todas as vezes que o Cruzeiro passou os zagueiros, encontrou a muralha de Marcos.

Este é um dos incontáveis grandes jogos que o goleiro fez, um daqueles esquecidos porque não vieram seguido por títulos.

E claro, não há como deixar de citar o último grande jogo do santo, contra o Sport na Ilha do Retiro pela Libertadores.

Como um autêntico apaixonado, as atitudes dele conseguiam falar mais alto do que as belas atuações que teve.

Em 2002, melhor goleiro da Copa do Mundo de direito (a escolha do alemão Oliver Kahn foi política), auge da carreira, pentacampeão mundial, Marcos vê o time do coração rebaixado.

Recebeu uma proposta do Arsenal, que foi recusada. Precisava ajudar o Palmeiras a subir de novo, a estar no lugar que sempre mereceu estar.

Foi uma das maiores provas de amor que um jogador fez a um clube.

É por isso que todas as homenagens ainda são insuficientes para celebrar a grandeza da carreira do goleiro Marcos.

Ele é lendário.

Assim como a sua camisa, a 12, que nunca mais será vestida por outro jogador no clube.

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