Barriga: este é o termo que nós, jornalistas, usamos quando uma matéria errada (ou falsa) é publicada em um veículo.
O dia de ontem foi movimentado por uma 'barrigada' dessas. Informações desencontradas dadas por familiares e batata: mataram o folclorista Deífilo Gurgel, sem que este estivesse tecnicamente morto.
Para previnir a barriga é importante sempre checar dados, por mais óbvios que eles pareçam. E, esse costume, é o que torna nossa profissão tão complicada.
A notícia de ontem vazou por meio de um dos filhos do folclorista. Este, ligou para as redações e avisou da morte do pai.
Tem como desconfiar? Difícil.
Se põe no lugar do repórter: você, na redação, correndo com tua pauta, tomando teu café quase frio e, de repente, celular toca. Quem fala é o filho do maior folclorista do Estado e ele afirma para você: o cara morreu.
O que você faz:
1) fica louco e fala pro editor;
2) fica louco, fala para o editor e twitta;
3) fica louco, fala pro editor, twitta e joga no facebook;
4) liga para o hospital;
É muito fácil julgar aqui de fora, dizer que o certo é o repórter ligar para o hospital, desconfiar da informação dada pelo próprio filho do homem e etc.
Mas no calor, na correria, na adrenalina (jornalismo tem muita adrenalina), é difícil ter essa frieza. E aí é de lascar: o risco de barriga é alto e constante.
Afirmo: como profissionais que somos, é nosso dever checar e desconfiar de todos, até do filho do homem.
Pois bem, a notícia de ontem se espalhou como fogo. Facebook, twitter (chegou nos trending topics), jornais, TVs, rádios. Todo mundo dava como certa a morte do folclorista.
Quem teve o trabalho de checar a informação no Papi, hospital que ele está internado, soube da verdade. E fizeram isso depois que o circo todo estava armado.
Apesar do estado grave que se encontra Deífilo, ele ainda não morreu e respira com ajuda de aparelhos.
Quando checaram, já era tarde demais. Aposto que muita gente não sabe que o folclorista não morreu.
Tá achando que jornalismo é fácil, neguinho?
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