Internet, memes e a supercomunicação

A foto é brega, mas serve para ilustrar

Entrar na internet era um ritual. Esperava-se, nos dias de semana, até a meia noite. Depois, iniciava-se a primeira reza: que o modem funcione e não faça muito barulho para não acordar ninguém.

Passada a primeira fase, era preciso que o provedor de acesso estivesse no ar. 

Ufa, conectou.

A rede, que era formada por meia dúzia de gatos pingados, não tinha Facebook, Twitter, nem mesmo Orkut e MSN.

Eram os tempos do mIRC, do ICQ, do tradicional bate-papo da UOL. Era o início dos blogs e a época em que fóruns de discussão pegavam fogo. 

Eu particularmente fui um entusiasta do IRC (Internet Relay Chat). Acessei a primeira vez em 1999 e daquela época até meados de 2010, diariamente eu estava lá. Vi a ascensão e queda.

Até hoje o IRC existe, mas é usado apenas pelos nerds de plantão


O IRC era legal porque permitia a interação com pessoas diferentes, mas que tinham interesses próximos. Erámos todos reunidos em salas de bate papo. 

Por exemplo, eu, palmeirense, vivia no canal #Palmeiras. Como eu moro em Natal, acessava o #Natal. Também gostava de jogar conversa fora, então entrava no #Insano.

(Note: # na época não era hashtag, era canal) 

Era o tempo pré-câmera digital. Se você queria saber como a pessoa era fisicamente, você precisava perguntar a ela.

Quase ninguém tinha foto armazenada no computador. Isso só foi acabar quando as câmeras chegaram ao mercado e o fotolog começou a crescer.

Nos primórdios do fotolog você só podia colocar uma foto por dia


Naquela época também existiam memes e piadinhas, mas eram restritas aos círculos internos. Não cresciam, não eram reinventados e repetidos à exaustão como são hoje. 

A internet sempre teve essa característica do bom humor. Tudo que se vê hoje, já existia, embora com uma repercussão e com uma força muito menor.

Atribuo a força dessa repercussão ao fenômeno que é o Facebook e o Twitter, ferramentas que compartilham informações de uma forma muito mais dinâmica que as salas de bate papo e os blogs da época. 

Em treze anos, além de ganhar milhões de usuários no mundo inteiro, as novas ferramentas da internet deixaram-na mais forte, mais rápida e, sobretudo, mais influente.

Nunca o online influenciou tanto o offline como hoje. E parece que esse fenômeno vai crescer cada vez mais.

Acho que de fato, agora, estamos vivendo aquilo que teorizavam no início da grande rede: interação total e produção horizontal de conteúdo.

E hoje as informações (assim como as piadas ruins) voam.

Estamos na época da supercomunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário