Nesta sexta-feira (25) faz um ano do início dos protestos que originou o movimento político denominado #ForaMicarla.
O movimento, que começou com protestos na rua pedindo a saída da prefeita Micarla de Sousa, contou com ampla participação popular e culminou na ocupação da Câmara Municipal de Natal.
Algo único na história da cidade.
Na ocasião, os manifestantes pediam, de forma global, a saída da prefeita que tem 90% de reprovação popular, mas de forma específica a abertura da CEI dos aluguéis - que posteriormente virou CEI dos Contratos - para investigar denúncias de irregularidades ocorridas na atual gestão.
A ocupação da Câmara durou 11 dias, suportando a pressão de grupos políticos aliados a prefeita, como o golpe que o vereador Edivan Martins, presidente da Casa, deu nos manifestantes, ou a matéria enviesada publicada na TV Ponta Negra.
Foi o auge da crise política de Micarla de Sousa, considerada por muitos a pior gestora que Natal já teve.
E no final, ganhou um habeas corpus concedido pelo STJ, depois de o Tribunal de Justiça ordenar a desocupação à força além de ter conseguido instalação da CEI dos Contratos, preterida pela maioria dos vereadores.
O movimento foi influenciado pela série de manifestações políticas que começaram na Ásia como a Primavera Árabe, se espalharam pela Europa com os Indignados e chegaram aos Estados Unidos com o Occupy Wall Street.
Apesar de todos os avanços, pouco pode se comemorar em Natal.
A CEI dos Contratos virou uma pizzaria nas mãos dos vereadores Júlio Protásio - inicialmente o relator da comissão de inquérito - e do bispo Francisco de Assis, que assumiu a batata quente depois.
Muito pelo medo do que uma ação mais expressiva contra a prefeita pudesse significar para o aparelhamento do executivo municipal no legislativo. E muito, também, pela falta de coragem desses vereadores em representar a população que os elegeu.
A esperança das investigações em relação aos contratos da prefeitura de Natal, durante a gestão de Micarla de Sousa, recai agora nas mãos do Ministério Público, que recebeu o relatório e todas as denúncias de irregularidades e de supostos desvios de verba pública.
Deste ponto, ninguém mais sabe o que está (ou o que pode) vir. Pelo jeito, a resposta à má administração da prefeita virá nas urnas neste ano. Isso, caso, ela tenha coragem de se lançar candidata.
E não só à prefeita que virá a resposta. É bem provável que a Câmara Municipal passe por uma profunda mudança neste ano. Muito pela cobrança e pela crise que o #ForaMicarla conseguiu impor a um mandato legislativo nulo e ineficiente na defesa dos interesses da cidade.
Mesmo com poucos avanços do ponto de vista da política pragmática, na utopia de se querer e lutar por uma cidade melhor, mais justa e democrática, aquela utopia que segundo o escritor Eduardo Galeano nos não nos deixa parar de caminhar, o movimento deu uma lição para a sociedade.
E plantou uma semente para a Natal do futuro.
Não sou tão otimista, Fábio. As pessoas tem pouco cuidado ao escolher um vereador. Elas só sabem culpar Micarla por tudo, mas esquecem da parcela de responsabilidade que os vereadores tem na condução da coisa pública. Até outubro, vai ter que rolar todo aquele velho trabalho de esclarecer para o natalense médio qual é a função do vereador, apontar os erros desse povo que ele não sabe nem que existe e tem mandato e explicar porque a câmara precisa de renovação. Daria uma série boa no blog.
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